Viva teus sonhos, hoje...
Angélica T. Almstadter
Não permita que os sonhos esfriem nas tuas mãos,
Não os queira requentados,
Viva-os hoje, agora, enquanto borbulham.
Sonhos mornos não penetram na alma,
Não ultrapassam desvãos;
É na fogueira dos pensamentos,
Na plenitude de alguns momentos,
Que se gozam as mais doces loucuras.
E o que é a vida sem alguma insanidade temporária?
Um prato devorado com requinte e elegância,
Com talheres de prata e porcelana de fina procedência;
Ainda que me assente nessa "feliz" convivência,
Meus sonhos se aborrecem, me enfastio solitária.
Enlouqueço, disparo, destravo minha ânsia;
Meto as mãos e me lambuzo como criança,
Só assim sinto o gosto real dos sabores aromáticos,
Que embora servidos em pura faiança;
Precisam ser tocados com delicadeza,
Pelos dedos frágeis, táticos;
Para se sentir a fundo, do sabor toda nobreza.
Viva e deixe viver a loucura da utopia,
O hoje pode não mais amanhecer,
E a vida morrer de tão vazia.