Viva teus sonhos, hoje...

Angélica T. Almstadter

Não permita que os sonhos esfriem nas tuas mãos,

Não os queira requentados,

Viva-os hoje, agora, enquanto borbulham.

Sonhos mornos não penetram na alma,

Não ultrapassam desvãos;

É na fogueira dos pensamentos,

Na plenitude de alguns momentos,

Que se gozam as mais doces loucuras.

E o que é a vida sem alguma insanidade temporária?

Um prato devorado com requinte e elegância,

Com talheres de prata e porcelana de fina procedência;

Ainda que me assente nessa "feliz" convivência,

Meus sonhos se aborrecem, me enfastio solitária.

Enlouqueço, disparo, destravo minha ânsia;

Meto as mãos e me lambuzo como criança,

Só assim sinto o gosto real dos sabores aromáticos,

Que embora servidos em pura faiança;

Precisam ser tocados com delicadeza,

Pelos dedos frágeis, táticos;

Para se sentir a fundo, do sabor toda nobreza.

Viva e deixe viver a loucura da utopia,

O hoje pode não mais amanhecer,

E a vida morrer de tão vazia.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 12/02/2005
Código do texto: T4171
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