Aos meus inimigos

Quão grato estou ao espírito atento

e aos correctivos que fazem

A cada deslize da minha vida

Lembram-me as fraquezas da alma humana,

Que ensombram os meus passos,

E contrariam as formas de pensar próprias

Que se transformam em verdades em mim

Graças a tão leais inimigos

Eu corrigi-mo, eu cresço

Eis senão, o que não eram certezas

Crescem dentro de mim

E florescem dando razão

À forma de pensar,

Como um moinho que lenta e persistentemente mói o grão duro

Informe e grotesco

E o transforma na leveza da farinha

Que um dia há-de ser pão

Com a mó dos meus inimigos

O grão que germina em mim

Desfaz-se lenta e paulatinamente

E o que um dia foi semente

Virou grão

E o que um dia virou grão

Virou farinha

E no pó saído do grão

Eu sou

Aquele que há-de alimentar

Amigos e inimigos

Antaco
Enviado por Antaco em 05/03/2013
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