SE QUISERES SABER POR ONDE ANDO

Se quiseres saber por onde ando,

saibas que ainda vivo sozinho

que choro e sofro,

colhendo desilusão que eu mesmo quis.

Pois saibas: sigo meu caminho

teimando ser feliz.

Em certos dias,

quando a noite cai,

acordando lembranças da paixão vivida

da alegria do ninho de ilusões

da geladeira vazia

nutrimento a crediário

no armário, retalhos da fantasia

pois era tudo que o minguado salário

ao nosso castelo de cartas permitia;

sinto o frio penetrar a penumbra do quarto.

Não, não são agonias do meu pesadelo.

Pesadelo é saber que nunca mais.

Sei, que assim falando, pensas,

que este lamento é o lamento

de alguém que chegou ao fim

que vive o fastígio do desespero

que perdeu a força de vontade

que ainda morre de saudade

que na cumplicidade do travesseiro

sonhar reviver aleluias do passado.

Por isso, renegado amor, não te enganes

do feitiço da flor quebrei o encanto

já não cultivo tua flor no meu jardim,

Bem sei, que todo fim prenuncia um novo começo

mas não há recomeço para o nosso fim.

Mas se quiseres saber

Se te esqueci, se te amei?

Esqueça-me.

Se errei; é melhor me esquecer.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 12/08/2005
Reeditado em 12/08/2005
Código do texto: T42101