PLANTÃO DA LUA
Esconde-se o dia no cinzento da tarde
Tons alaranjados despedem-se da luz.
Atrevida e garbosa a noite fogosa
espera pelo luar.
A lua sobre a cidade solitária
não dorme, não pode descuidar...
Vigia silenciosa o mundo que
Precisa descansar...
Lá embaixo corações em desalinho
Almas errantes nos becos dos desencontros.
Travam-se guerras entre o bem e o mal.
Entre a terra e o mar nesta noite estrelada.
Na garganta na noite ecos sufocados
Gemidos se perdem e ais se escutam
Amantes se dão...juras trocadas...
Soluços de ida, beijos de volta na rota
disforme da noite de lua.
A cidade vai cumprindo seu estranho
E rápido destino, engolindo seus silêncios.
Escondendo nas luzes os escuros dos mortais.
Músicas são cantadas, sons dispersos se
Espalham no ar...
Uma folha escrita, um poema inacabado
Ficará desfalecido na solidão...
Alguém partiu e não disse nada na
Madrugada de lua deixando a lágrima
cair na nudez do mundo.
Até que amanheça, vidas serão tragadas...
Rebentos de luz nos nascimentos marcados
Serão como canteiros de manhã orvalhada.
Na quietude desta noite velada pela lua.
Ainda nos retalhos da noite, resplandece o dia.
Sol sonolento, tão calmo e sereno
Não imagina a luta ferrenha enfrentada
Neste plantão da lua.