Negrume das papoulas

E para todos aqueles que foram transformados em cinzas,

Para todos os meus queridos versos queimados ao ar livre

Foi tudo transformado em pó,

Tudo virou cores:

Branco e preto

E vermelho

Ainda me lembro quando me foi deitado,

Sim... me foi deitado um manto de papoulas

De dor e sofrimento

Tudo muito completo, sozinho

Nada indiferente demais

Não havia nada fora da medida

Inclusive a humilhação não nos falhava

Era tudo perfeitamente confeccionado

A farda já não me servia

Somos todos fadados a dor?

Queria ver meus filhos crescerem,

Queria ver o orvalho da manhã refletir o teu rosto,

Queria ver o sol nascer

Queria ver minha morte nos jornais

Não vi

Não senti

Foi a pior sensação de todas

A tortura, a sobrevivência, a falta de ar, a terra árida nos pulmões.

Stephanie Correia
Enviado por Stephanie Correia em 27/03/2007
Código do texto: T428274