Negrume das papoulas
E para todos aqueles que foram transformados em cinzas,
Para todos os meus queridos versos queimados ao ar livre
Foi tudo transformado em pó,
Tudo virou cores:
Branco e preto
E vermelho
Ainda me lembro quando me foi deitado,
Sim... me foi deitado um manto de papoulas
De dor e sofrimento
Tudo muito completo, sozinho
Nada indiferente demais
Não havia nada fora da medida
Inclusive a humilhação não nos falhava
Era tudo perfeitamente confeccionado
A farda já não me servia
Somos todos fadados a dor?
Queria ver meus filhos crescerem,
Queria ver o orvalho da manhã refletir o teu rosto,
Queria ver o sol nascer
Queria ver minha morte nos jornais
Não vi
Não senti
Foi a pior sensação de todas
A tortura, a sobrevivência, a falta de ar, a terra árida nos pulmões.