Poema 0052 - Loucura

Quando acordo no meu corpo,

viajo sozinho,

sonho pequeno,

vôo como inseto,

mesmo forte como rocha.

Deixo as cores velhas,

piso o chão

e só,

queimei alguns centímetros de pele,

até ficar pálido.

Meu corpo é montanha,

não de sal,

não de verde,

não de pedra,

de fogo amarelo ouro.

Tentei sorrir do teu sorriso,

abri as espirais da paixão,

não se ama, não ama,

soltei os pés no chão,

duro, voltei ao riso...

Meus cabelos, penas,

asas que cruzam continentes,

meus gritos,

pequenos pedidos que imploram,

pedem abertura da porta do mundo.

Os pensamentos estão lerdos,

abri todos os vazios,

impossível ver além do branco,

cego, não soube buscar,

retorno, mil vezes, retorno.

Deixe-me enlouquecer agora,

estou tranqüilo,

não quero saber as horas,

acostumem, estou indo,

apenas peço, não me fechem os olhos.

Arranquei todas as raízes da terra,

dei fim as paixões,

em tudo fui segundo,

nenhum amor conseguiu me ter,

ficaram poucas coisas, quase eu inteiro.

Sei que fui inverno,

amei até os pedaços de outono,

guardei meus venenos no peito,

o frio deixei na alma,

restaram lágrimas, todas, dos meus olhos.

22/11/2004

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 15/02/2005
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