CIRANDA
Triste destino esse,
o destas mãos vazias.
Antes feitas para
cavarem a terra
unirem-se em prece
para um deus
- Oh, Deus!
ou tocarem a face
corada pelo sol
da mulher amada.
Inúteis, porém
pensas como a fruta velha
que o vento não derreou.
Adormecidas no tempo,
até que por um esbarrão
uma segunda mão a enlaça
e uma terceira e quarta
e quantas mãos perambulantes
pelo mundo
possam costurar-se a um só
momento
e juntas, acorrentadas ao mesmo
movimento
possam girar ao redor
de um sonho comum.
* * *
Goiânia, 14 abr 2007.