Insônia

Apostei os sonhos de uma vida,

Varal de contradições penduradas junto às meias.

Sonhos sem fundamento, escrever, fazer diferença nisso aqui.

Ver esta roda gigante comedora de pessoas, mutilando vidas e vidas.

Estado, ação, poder, cegueira coletiva que está longe de acordar.

Apostei então os sonhos de uma vida.

Vi perderem os dedos todas as flores pelo caminho.

E as nuvens cobrirem o sol secador de feridas.

Respondi pequeno aos demônios da noite, ladrões de sono e paz.

Coloquei-me perdedor nas inúmeras vitórias do ego.

Humilde, disse que não sabia.

Apostei os sonhos de uma vida e os dentes me devoraram.

Nunca encontrei verdade em nenhuma pessoa.

Todos pensando em vencer, pensando em conquistar,

Inclusive eu.

Todos em seus mundos, escondidos...

Escondidos de medo.