O ARCANJO

Incólume,

um homem seguia em meio

aos transeuntes.

Os passos largos, porém

não apontavam direção alguma.

Sentou-se

e naquele instante foi decretado seu exílio

espécie de aborto, onde se viu expurgado

de todas as relações humanas

da vida

do mundo.

As palavras feneceram

em sua boca magra

os gestos brancos

inaudíveis como os passos do vento

não despertavam a curiosidade alheia.

Tudo lhe era confuso,

numa profusão de dúvida e terror.

Em seu peito, o tempo veloz fazia sibilar

os sinos da morte.

Foi quando uma dor pungente

o fez despertar

seu grito ecoou por ruas, praças, edifícios

e toda gente parou.

Sorrindo,

de suas costas viu brotar asas portentosas.

Os olhos fixos no infinito

subitamente ascendeu às plagas celestiais

até se fundir por completo

no granito azul do firmamento.

* * *

Goiânia, 02 maio 2007.

Glauber Ramos
Enviado por Glauber Ramos em 02/05/2007
Reeditado em 02/05/2007
Código do texto: T472634