Espero teus Cílios

Espero teus cílios

mentirem sobre a madrugada,

condensando no brilho insone

o riso das crianças eternas.

Espero teus cílios desvelarem as alvoradas,

borbotões mudos de plenitude e unidade,

canais dos anseios desatados

em desaguar de crepúsculo.

Espero teus cílios, senhores das belas ou duras brevidades,

nas melodias presentes e etéreas

onde habitam tua forma primeira

e minha paisagem perpétua.

Espero teus cílios na sede das pálpebras,

abraço os ritos da divisão

e o teu sorriso me priva

da angústia do finito.

Paira suspenso o saber

de que em nós há um ventre azul

e também

um terço de poros e pranto.

Espero teus cílios,

Aberto.

RF

16/05/2014