As portas

É segunda-feria; e meus pés arrastam-se sobre a cadeira,

é só pra disfarçar o frio, a ansiedade e a cura,

o tempo só serve pra correr, sem pés administra léguas, veloz.

assim é o dia, ou melhor, assim é a noite

minha caixa de descarga vazou, eu vou procurar um eletricista,

o taxi é suave e a calçada alisa a sola dos meus sapatos, com um furo no dedão.

dinheiro na mão, portão arregaçado, olhos vidrados no objetivo,

é só entrar e sair e a sorte me sorri

subi a escada e o corrimão me açoitou,

a chave luta com a fechadura, mas a fé vence

o quarto ainda esta frio, não há ninguém aqui pra me aquecer,

só ha a música e a vontade de escrever pra ninguém, além de mim.

sensorial me tornei segundos atrás, após o trilho correr em meu nariz

coloquei a cerveja pra gelar, me lembrei de ti,

quem sabe da vida já se foi e olha por nós,

vez que outra, massageia meus ombros

eu fui, me perdi de novo mas não me arrebentei,

rasguei dinheiro, ganhei um poema,

aqueles que sabem escrever sobre a vitória perdem a poesia do erro,

explora o galho, esquece a flor, padece na curiosidade.

quem viu o desfile de corvos cegos, varrendo o lixo

não esquece de esfregar a sujeira no tapete da porta,

sua porta maluca, de cara fechada, que se abre e fecha, o labirinto, a porta inexistente

o futuro incerto, as vezes, é bom se perder por aí

calçada firme, orelhão estragado, a última lata, líquido gelado

viagem e acordes sem distorção, é bom ouvir o jazz diariamente,

é bom ouvir o trompete, é bom viver qualquer dia.

sem lápis, só teclas, o contexto mudou e o texto termina aqui, morfinado.

rdeorristt
Enviado por rdeorristt em 20/05/2014
Reeditado em 20/05/2014
Código do texto: T4812958
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