Necrológio

O choro do parto principia

a contagem regressiva...

Basta um dia

desde que já se viva

e não há coisa mais certa:

Nascer

é já ter a cova aberta!

Todos morrem – é fato!

Mesmo os bons sujeitos

são sujeitos a morte iminente;

é fato que se lamente

mas não há quem escape ao carpir!

Não há exceção na hora de ir...

E, como em vida,

na morte o ser humano se retrata

na sociedade de castas:

Os párias se amontoam em covas rasas,

despojados e despejados;

em disputas silenciosas por um palmo de chão...

Outros vivem – perdão! – morrem no fausto

de sepulturas graníticas e marmóreas..

São condôminos protegidos

em opulentos monumentos!

Tanto em vida quanto em morte

as diferenças entre seres iguais...

Exéquias diferentes,

mas o fim não é excludente

apesar das aparências.

A morte nivela a existência!

E uma única verdade é certa:

Nascer

é já ter a cova aberta!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 13/05/2007
Código do texto: T485692