Vagabundo

Silencioso caminha pela estrada

solitário e pobre vagabundo.

Caminha sempre na via da saudade

Pobre e cansado, vítima do mundo.

Em seus olhos já luziu a esperança, já.

Já teve sonhos, já contou à lua

a sua vida que acabada está.

Mas mudou; e agora a lide é sua.

Certa vez ele viu nascer o dia.

E o sol, que lá em cima rutilava,

envolto num véu de súbita magia,

falou ao jovem que embevecido olhava:

"Pobre de ti que olhas para mim!

Ainda seguirás só e amargurado

Querendo ver da tua vida o fim

Morto de cansaço, por tudo abandonado

Tu, ó jovem, belo e sonhador

Que da vida só pensas no ideal

Vais conhecer o asco do amor

Ver enfim o que nele há de mal.

Volta atrás! Não sigas o caminho

Que te leva à ruína e à derrota!

Pára! Pra que deixas o carinho

e procuras na vida outra rota?"

Mas o jovem deixou o sol falar

E seguiu no caminho da ilusão...

Passo a passo seguiu sem resvalar

Luz na alma, paz no coração...

E hoje "Silencioso vai pela estrada

solitário e pobre vagabundo..."

Caminha qual avezinha mutilada

Pela crueldade ignóbil que há no mundo.

Regina Sardoeira
Enviado por Regina Sardoeira em 08/09/2005
Código do texto: T48696