OS SANTOS DA ANDRADE
A escadaria da praça
o banco
a sarjeta
um poste de luz
um canto pra se encostar
O aperto dos passos
das bolsas
dos bolsos
das mãos
o ponto de embarque
uma travessia dos olhares
Um café preto
um torresmo
um jogo de cartas
um jogo de palavras
um jogo de olhares
Um lugar comum contrastado
Num lado da rua
cinco estrelas selecionam alguns
Do outro
(sob o céu cerrado)
outrem, amontoam-se as luzes
(No teatro)
a representação máxima do circo
os aplausos, do lado de fora, tornam-se inaudíveis
onde os homens se silenciam as máquinas
(Nas ruas)
o júbilo do notável é a graça dos trocados
Na cadência da praça
pontos se entrelaçam,
se atravessam em novos sentidos
saídas
entradas
lugares à passeio
assentos para repouso (ou pernoitar)
pombos a rodeio
larápios, infiéis, prostitutas, oradores, menestréis, pagãos e comuns
na vigília do próprio tombo
misturam-se no dia-a-dia da praça
à sombra dos monumentos esquecidos.
Gustavo Naufal - 01/05/2007