EXPERIÊNCIA DE POTÊNCIA
Neste fragmento de tempo compreendido entre uma tarde e um alvorecer, processa-se mais um espetáculo protagonizado por um prazer intelectual absoluto.
Ritimado pela genialidade de David Gilmour e catapultado por um excepcional tinto de safra prodigiosa, os instintos banham-se no mais límpido refinamento sensorial. Neste instante, clara é a diferença entre o animal e o humano na sua condição detentora de uma capacidade plena de sonhar, sentir e elucubrar, em fragoroso contraste com a bestialidade simplista do animal que vive em cumprimento inconsciente de sua pena.
Entrementes, um cálice de um majestoso Absynto invade a alma, aguçando todos os sentidos. Eis que a perfeição beija o espectro da racionalidade que circunda aquela mente absurdamente tomada pela plenitude de uma estado destacadamenre singularizado.
Sons, cores, fragâncias ... Estímulos perfeitos interpretados em sinestesias múltiplas e contínuas.
Neste instante o prazer parece sintetizar, em uma única nota, a sinfonia perfeita que já justifica uma vida.
Um brinde aos que se atrevem a transpor as fronteiras da trivialidade humana e se arriscam rumo ao infinito das potencialidades ao alcance das mentes intrépidas, que desafiam o óbvio e se apaixonam perdidamente pelo mistério que emoldura a criação.
Neste instante, o prazer dessa experiência suplanta a insignificância aparente do existir.
Perdoe-me Sartre, mas difícil me é concordar que a existência prescende à essência quando, sob esse estado nos pomos a raciocinar.