ISADORA



Lembro de ti
Como lembro de um corredor
De um túnel imenso
Túnel que nos separava
Não na distância
Nem no amor
Vejo-te correndo
Em minha direção
Como um pedaço de proteção
Com perninhas curtas e trôpegas
Ensaiando as primeiras vontades
Experimentando as primeiras escolhas
.
É verdade não lhe restava outra opção.
Mas te acolhi nos braços e na memória
Como uma benção
Que amoleceu meu coração
E me fez compreender algo além de mim
E tudo para você.

Querida, por minha vontade
Andarás pelas pedras que andei
Pelas alegrias e tristezas de que padeci
Para de elas tirar proveito
Para que possas compreender o mundo
Como o templo da sabedoria que não se aprende na escola
Que só os dotados do conhecimento universal
E daquele dom especial
Que ninguém sabe de onde vem
Exime-se das vaidades materiais.
Destas que no fim das contas ,
Na solidão em que um dia todos se defrontam
Possas pensar que o amor ,
A boa vontade, a falta de rancor te absolve.
Só assim terás a vida que nenhuma religião pregou
Que santo nenhum viveu
Pois serás na verdade
A representação da divindade
A vida.
Com todos os seus trejeitos e vontades
A expressão maior do ato de existir sem preconceitos
Estar em paz por ter vivido.
Viver combatendo para viver a paz
Como menina, mulher, mãe , avó.
Isadora.
Humberto Bley Menezes
Enviado por Humberto Bley Menezes em 26/05/2007
Reeditado em 28/08/2007
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