NÃO TENHO COR...


Sou apenas um ser,
fruto de muitas raças!
Do branco a vaidade herdei,
do negro, cuja liberdade
neste chão sangrou,
aprendi o que era raça, graça
e garra. Com ele sem correntes voei!
Do indígena cuja terra foi tomada
sou gota de sangue, semente
de uma linda índia laçada.
Qual a minha cor?

Sou preto e branco nas lembranças
e colorida, quando a vida faz festa!
Mas nesta janela sem fresta
sou viajante em andanças,
criança ainda sem preconceito.
Sou a fé que me leva adiante
e a humanidade que caminha,
ainda em estradas errantes...

Qual a sua cor?
Qual a sua dor?
A chibata cortou sua pele
ou no tronco você chorou
de saudades da terra distante?
Neste instante sou incolor, pois
minh’alma não arrogante
acredita no amor, na igualdade
sem preceitos. Na essência de cada um,
da decência de ser gente que sente.

Qual a nossa cor, a nossa raça?
Somos todos uma perfeita mistura,
Obra de Deus, apenas criaturas
com sentimentos latentes.
Qual a sua cor?
Sou amor em semeadura,
tempo contando histórias.
Sou a gota inglória do orgulho
ressecando sentimentos.
Sou a chuva fina e amiúde
que rega, um solo tão sangrento!


Qual a sua cor,
a sua tonalidade preferida?
Somos mesclas de raças sofridas
e decidi, não ter cor...

Novembro de 2014
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 20/11/2014
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