AVESSO
Hoje
Ao levantar-me
Da cama
Tropecei no meu ventre
E dei de cara comigo
- Um estranho para mim -
Há muito não me via
E custei a reconhecer-me
Naquela máscara torpe...
Que sujeito
Seria aquele
De olhos baixos,
Dentes imensos
E riso nenhum?
De mãos tão frias,
Braços sem vontades
E pés que pensam
Por si?
Seria mesmo eu,
Aquele reflexo arredio
Gêmeo de meu avesso
De gente, arremedo,
Com cara de “já morreu”?