Sem título(81)

Que sei eu de advérbios de tempo ou de lugar

Que sei eu do anúncio impreciso da tua partida

Que sei eu da tua chegada em mim sempre a tardar

Que sei eu do teu ser de eterna despedida

Falar de pontes intemporais intransponíveis

Falar de frutos irreais inverosímeis

Falar de tempos inventados não acontecidos

Que sei eu dos tempos pelos deuses não detidos

Dizer-te dia ou noite achar-te em claridade

Desenhar-te no meu traço sempre impreciso

Saber-te sol e lua de verdade

Amar-te por me dar e porque te preciso

Saber-te livre em mim por inteira

Saber-te inatingível porque sim

Fazer do teu amor minha bandeira

Saber por te quero sempre em mim

Desenhar a palavra que mereces

Ou dizer-te amor em despedida

Sorrir-te sempre quando me apareces

Enlaçar-te e fazer-te sempre a mais querida

Dionísio Dinis