SAUDADE

Vive aqui dentro,...

com gosto de dor antiga

essa palavra que se alonga

infinita e insolúvel,

de uma ponta a outra,

soletrada em todas as horas,

sem jamais pôr-se em descanso.

Como o sol ao fim do dia

faz-se audível ao corpo,

bebendo da irrestrita noite

tantas outras...

com sofreguidão.

Cabe tanto dentro dessa

palavra precursora

de silenciosos poemas....

Nessa palavra viva,

precipitada de sonhos,

amanhece o olhar

em forma de cantigas

– balé intuído de felicidade

aspirado junto

com o ar dos pulmões –,

mas se encarcerada entre dentes

é azul entre o vermelho...

oscilação sentida

que aperta o peito, amarga a saliva...

úmida saudade

ao céu da boca.

(Rita Costa – 22.05.07 – R. Janeiro/RJ)

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