Paulistânia

Olhando assim aqui de cima

Do edifício sem final

Todo mundo dessa multidão

Que caminha apressado pela avenida

Meu Deus fica parecendo tão igual

Porém no meio de tanto grão de areia

Sei que sempre tem uma pedrinha de sal

Certa noite de céu encoberto e cinza

Encontrei escondida a lua

Nua bem debaixo de minha cama

Não tive dúvidas

E fiz amor com ela

Entre meus vermelhos lençóis

Aqui neste jardim de concreto

Encontro como esse fica secreto

E só se revela em poema

Afinal aqui ninguém conhece ninguém

Enquanto para uns é tudo por um milhão

Para outros mil pode virar cem

E da noite pro dia meu caro

Paulistânia vida

Não sou uma figurinha repetida

Em tua miscelânea atroz

Por Congonhas ou Cumbica

Descendo pelo elevador

Ou subindo as escadas

Executivamente eu escrevo

Que se no Rio se vai do Leme ao Pontal

Em qualquer piscar de olhos

Em sampa metade de mim é Santana

Enquanto a outra ainda é Jabaquara

Saiba que nas margens marginais do Tietê

Eu nunca fui o mais o veloz

Andre Luis Aquino
Enviado por Andre Luis Aquino em 12/04/2015
Código do texto: T5204346
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