Mitologia de um quadrado
Faço reverência a todas aquelas singelas bobagens
A minha deselegância facial exibida de frente
Ao assunto que, quando acorda, parece que teima
Ao vigor dos meus braços que coordenam meus gestos
Ao teor dos excessos que parece absinto
Ao ataque alérgico, motivo do espirro
Em escolher o errado, atirar no que sinto
Amnesia, de fato, é o futuro chegando
É o café no meu copo seduzindo o olfato
A minha história corrida não fica em pé na estante
É um vazio constante, preenchido com a falta
À vitória, uma chance
Mas evitei-a na fala
Felicidade é instante
É coceguinha na alma
Mas passa, dá soluço e devolve
À busca incessante do impossível da vida
Residente do desencontro da calma
As minhas frases não chamam amigos
Faço prece à estrela sozinha
Eu sei lá se aquilo é só brilho
Tem gente que morre por menos
E por mim qualquer coisa tá bom
Como disse, faço reverência as bobagens
Amargo de nascença, assino
Vi a voz se ascender e cair
E é por isso que me pego comparando a uma estrela cadente