Mitologia de um quadrado

Faço reverência a todas aquelas singelas bobagens

A minha deselegância facial exibida de frente

Ao assunto que, quando acorda, parece que teima

Ao vigor dos meus braços que coordenam meus gestos

Ao teor dos excessos que parece absinto

Ao ataque alérgico, motivo do espirro

Em escolher o errado, atirar no que sinto

Amnesia, de fato, é o futuro chegando

É o café no meu copo seduzindo o olfato

A minha história corrida não fica em pé na estante

É um vazio constante, preenchido com a falta

À vitória, uma chance

Mas evitei-a na fala

Felicidade é instante

É coceguinha na alma

Mas passa, dá soluço e devolve

À busca incessante do impossível da vida

Residente do desencontro da calma

As minhas frases não chamam amigos

Faço prece à estrela sozinha

Eu sei lá se aquilo é só brilho

Tem gente que morre por menos

E por mim qualquer coisa tá bom

Como disse, faço reverência as bobagens

Amargo de nascença, assino

Vi a voz se ascender e cair

E é por isso que me pego comparando a uma estrela cadente

Michell Niero
Enviado por Michell Niero em 15/06/2007
Reeditado em 15/06/2007
Código do texto: T528009