MESMO À NOITINHA

Certo dia

Quando a noite já descia

Sobre a cidade,

Sentado no carro eu escutava

Cantigas, que falavam de saudade.

E no embalo da emoção,

Deixei-me transportar a imaginário rincão

Onde um velho gaúcho e sua prenda,

Sorviam o amargo chimarrão.

E sobre um mocho

Do tempo do êpa,

Em que se abriam estradas a picareta;

Junto ao fogo de chão

Um pequeno rádio a pilhas

Tocava gauchescas cantigas,

Talvez um ‘tantito’ aquecidas

Por um ‘restito’ de paixão.

A lua cheia iluminava

Toda aquela erma coxilha

E a natureza reconciliada,

Já toda cochilava,

Só algum quero-quero de guarda

De vez em quando gritava,

Como se a noite fora pertença sua;

E o silêncio era tão profundo,

Que dava até para escutar as estrelas

A cochicharem com a lua.

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 10/07/2015
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