MESMO À NOITINHA
Certo dia
Quando a noite já descia
Sobre a cidade,
Sentado no carro eu escutava
Cantigas, que falavam de saudade.
E no embalo da emoção,
Deixei-me transportar a imaginário rincão
Onde um velho gaúcho e sua prenda,
Sorviam o amargo chimarrão.
E sobre um mocho
Do tempo do êpa,
Em que se abriam estradas a picareta;
Junto ao fogo de chão
Um pequeno rádio a pilhas
Tocava gauchescas cantigas,
Talvez um ‘tantito’ aquecidas
Por um ‘restito’ de paixão.
A lua cheia iluminava
Toda aquela erma coxilha
E a natureza reconciliada,
Já toda cochilava,
Só algum quero-quero de guarda
De vez em quando gritava,
Como se a noite fora pertença sua;
E o silêncio era tão profundo,
Que dava até para escutar as estrelas
A cochicharem com a lua.