Visão sombria

Acometeu-me visão sombria

Sobre um monte

Cabelos desgrenhados e barba por fazer

Não mais jazia

Desesperado bradava aos infinitos

Castro Alves

Pela cabeleira ainda se reconhecia

Às estrelas os olhos lançava

Oh, tamanha agonia

Navios negreiros pelas nuvens singravam

O poeta exangue aos astros repetia

Oh, que faço aqui, que vejo por toda parte

Muita palavra e pouca arte

Por todo lado versos surgem

Num mar de lama enxovalhados

Faz-se tanta poesia

Mas toda ela vadia