Longânimo
Meu egoísmo que lhe foi muito cruel
Como as garras reabrindo as feridas,
Foram tantas horas de amor perdidas
que vagueiam pelo cinza do meu céu.
Não fui do teu querer um merecedor
Nem da paixão dentro do teu olhar,
As lembranças que me fazem chorar
São angústias do silêncio da tua dor.
Sinto hoje a minha alma amargurada
Tão tristes foram as pisadas minhas,
Deu-me por amor o amor que tinhas
E em troca apenas eu lhe dei o nada.
Sob o peso do pecado com cara torta
Vou degustando a dor deste martírio,
Mergulhado na escuridão deste delírio
Me encontro de joelhos em tua porta.
De repente ela abriu-se e recebi a luz
No brilho do rosto a nova esperança,
Deitei-me no colo uma frágil criança
Implorando o perdão, ó amado Jesus.
Envolvido pelas suas mãos celestiais
ouvi sua voz dizer num gesto sereno,
Nunca me afastarei de ti meu pequeno
Levanta a cabeça vai e não peques mais.
Caminhes com fé e tenhas bom ânimo
Lute sempre o bom combate e vencerás,
Nem a morte e nem as trevas tu temerás
Pois eu lhe serei justo, fiel e longânimo.