Silêncio

Esse silêncio ensurdecedor me insana;

Sela meus lábios, amarra minha língua.

Por causa desse vazio calado, mofado

Minh'alma gelada não me abraça,

Não sente saudades, não palpita.

Desde que esse silêncio tomou conta

Dos dias e estabeleceu toque de recolher;

Minhas palavras desbotaram,

Minguaram entediadas na boca

Como a não mais sentir emoção.

Nem um lampejo ou uma faísca distraída,

Acende a boa e velha fogueira

Das palavras afoitas e despachadas.

Esse silêncio mortal que caiu como um véu

Cegou meus olhos que não mais choraram

De encantamento ou prazer.

Um silêncio lúgubre calou minha voz,

Adoeceu a minh'alma sonhadora,

Enrijeceu meus dedos miúdos

Que já não desejam desabrochar

Palavras em poemas ou prosas.

Perdi meu olhar em um ponto escuro

No infinito onde jamais amanhece,

Com os pés fincados no solo árido

Assisto cansada o passar do tempo...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 02/07/2007
Código do texto: T549463
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