EVOCAÇÕES

Havia uma cerejeira enorme

Ímpar

Quase tocava o céu

Mil desejos pendurados

Ao léu

Viço a transpirar

Volúpia e mil pecados?

Havia um vale verdejante

E uma corguinha de água cantante

Que poderia ser quase rio de mel

Ameixas cor de oiro e encarnadas

Sobre um muro de pedra a granel

A pedir para serem roubadas.

E um rio ali ao lado havia

De saudades a murmurejar

E também uma lua de luar

Que teimava não ir embora

Só para poder escutar

Seresteiros rouxinóis

Até ao romper da aurora.

E havia um muro muito antigo

Coberto de frescas heras

Esconderijo de deuses de priscas eras

Que gostavam de prosear comigo.

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 05/03/2016
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