MEUS OLHOS AQUINOS

I

Ser poeta lembra-me um pouco

Minha querida avozinha

Porque bordo palavras no papel

E ela ornava com lindos desenhos

suaves como o mel

Os lençóis que eu dormia

Por isso hoje meus sonhos

São tão docinhos, docinhos

II

Paixão é uma das melhores

Experiências fora do corpo

Que conheço

Correr pelas veias alheias

Ser os trilhos ou o trem

Na ferrovia de alguém

III

A beleza enche os olhos

Mas não preenche a alma

O prazer sacia o desejo

Mas não mata a fome de espírito

IV

Quero ser bem pequeno

Feito grão de areia

Mas se algum dia me tratarem

Como poeira

Vou me agigantar

Viro montanha

Tenho muita alma pra isso

V

São tão pequeninos

Esses meus olhos Aquinos

Dois travessos meninos

Lágrimas ao chorar

Brilhos quando sorrir

Falam sem palavras

Porque não sabem mentir

Meus dois meninos Aquinos

Confidenciaram-me uns segredos

O esquerdo admira o passado

O da direita vislumbra o futuro

Sei que um deles é delicado

Mas o outro é duro

Um deles grita que é sofrido

E outro sussurra que é puro...

Andre Luis Aquino
Enviado por Andre Luis Aquino em 03/03/2005
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