Incapaz!

Dentro de mim

Isolado na solidão

E tristeza sem fim

Tento me agarrar na Lua

Que sobe soberana, calma e bela

Para subir e permanecer

Mesmo que provisoriamente

Como a chama de uma vela

Até que uma nova brisa, um vento

Apague novamente a chama da esperança

E enquanto os comprimidos fizerem efeito

Vou fingir esta alegria, e dizer aos outros na rua

Que “eu vou bem, obrigado!”

Pois então, enquanto perdurar este falso bem estar

Vou estar bem, pra quem só me vê por fora

Pra quem não quer ou não ousa me escutar

Na verdade que o espelho não diz

E na maldade que estes tempos me traz

Na esperança de um abraço ausente

Impossível é manter-me contente

E nestes dias cinzentos

Dentro de mim permaneço

Isolado na solidão

E tristeza sem fim

Eu prometo ficar bem

Ao menos aos olhos do mundo...

“Incapaces los hombres

que hablam de todo

y sufrem callados”*

(Requiem Para Uma Flor, de Raul Seixas)