Pecadoiro

Ouro desenhado no lençol do dia

Dia desenhado no lençol de ouro

Desenho de ouro no dia, no lençol

Sol

Sol Sol

Ouro quarando o dia

No caracol, na serpente

No pente que penteia

A rapariga insciente.

Ouro em sua pele de galega

Ouro do tempo que a bronzeia

Ondeia seu olhar sem meta

Verde da cor da garapa.

Ouro na entranha da greta

No trigal do púbis encoberto

A exibir-se como serra, discreto,

Sob neblina.

Ouro na tintura da crina que meneia

Na dócil garupa que troteia.

Ouro que ousasse!

Ouro que houvesse!

Ouro do que não pode esconder-se!

Ouro que evitar quisesse a todo custo ver

Pecado que Platão não quis que se espalhasse

E, precavido,

Buscou não cometer...

Pecado de viver!

Nelson Oliveira
Enviado por Nelson Oliveira em 06/10/2005
Reeditado em 06/10/2005
Código do texto: T57193