Minas de Luanda

Mares bravios

Atlântico feroz

plácidas praias

banhadas pela

feliz Angola

Brancas areias

inocente correria

crianças contentes

semeavam com as

plantas dos pés pequeninos

saudade

Incontroláveis ventos

ódio, tristeza e dor

antiga colônia

perdeu o perfume

O cheiro da morte invadiu

narinas, meninas

Pedros, Joões,

Manuéis, Marias,

Marinas.

Famílias debandadas

casas e terras abandonadas.

paz e sossego que fugiu

futuro em outros ares,

azuis, amarelos,

verdes, Brasil

Ais de saudade

sais que não curam

magoam

Menina olha pra trás

revê passos marcados

na branca areia

encobertos pelas

ondas vermelhas

de um antigo mar

tranqüilo

Que lembranças

ela não traz?

Que tristezas

seus olhos escondem?

A menina de Angola agora

mulher na terra Brasil

não mais infantil

não se esquece de sua

São Paulo de Luanda

Por aqui

hormônios adultos

novas sementes plantou

procriou teve filhos

criou amores e em suas dores

nada mais é doído

que não poder rever ou ouvir

ecoado na branca e calma praia

o riso perdido

O medo explodiu uma bomba

um foguete, uma mina

Pedro, Joões,

Manuéis, Marias.

Minas agora matam,

Mutilam

Minas agora brotam

nos olhos da pequenina

menina de Luanda

São lágrimas que brotam

temperadas com

saudade e tristeza

Mas a nova terra acolhedora

faz transformar um passado

de alegres caminhos,

de tristes memórias,

Agora viradas em novas

páginas de sua inesquecível

história

Páginas de uma doce poesia,

lembrança,

feitas com pressa e carinho

vindas na suave forma

de nossa mais profunda

esperança

Rogério Viana
Enviado por Rogério Viana em 05/03/2005
Código do texto: T5725