Sem título(88)

Tu que com graça calas a desgraça

Vivendo em permanente amor ausente

Tu que sem asas te elevas e esvoaças

Tu que te distingues de muita e outra gente

Tu que teces a trama que não mereces

Tecendo fio rude em vez de seda pura

Tu que sempre de ti te esqueces

Mesmo te sabendo de máxima estatura

Tu que sempre que reapareces

Te mostras bela e de magnífica alvura

Tu que sabes o que não queres

Por muito e mais que muito mereceres

Não retrocedas agora não esperes

Só tu és mais que dona dos teus quereres

Dionísio Dinis