Elegia aos Pombos

Passei com temor por aquela

nossa antiga esquina

no pequeno bairro triste

das pequenas flores,

não havia pombos no parque

ou grão suficiente que os sustentassem.

Imagino, enquanto faço a volta

aqueles bancos cinza,

impondo-se ao verde rasteiro

e as aves, uma escultura pensa

das infinitas tardes ao sol de outra vida.

Apressados como quase sempre,

como quase todos os outros.

Corremos, alucinados pelo encontro do destino,

porém, não gastamos tempo que fosse o bastante

para lamentar as minúsculas falhas e eram tantas,

que somando-as em rio

tornaram-se um mar e meio de distâncias.

O que fizemos de errado?

Eu não saberia ao certo quando, como,

ou estenderia os porquês da despedida,

mas envelheço só e continuamente

todos os dias, no caminho

entre a esquina e o parque,

sustentando pombos

ausentes do nosso amor.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 20/04/2017
Reeditado em 20/04/2017
Código do texto: T5976393
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