Ode Para Adam West

ODE PARA ADAM WEST

Observação: para se ler ouvindo o tema composto por Neal Hefti tocado pelo The Kinks!

Estrofe

Zig! Pow! Soc! Bat! Bat!

Eis o paladino da justiça,

O herói anti-macunaímico,

O herói anti-miramaresco,

O herói anti-serafinesco,

O herói neobarroco por suas intrínsecas contradições!

Crash! Who! Splash! Bat! Bat!

Para livrar Gotham City dos vilões,

Para alegrar as crianças e os adultos,

Para confortar os desesperançados,

Para abrir um sorriso nos olhares tristes,

Para brincar de ingenuidade saloia,

Porque o herói é um clown cubo-futurista!

Com seu cinto de mil utilidades inúteis,

Com sua capa esvoaçante negra,

Com sua máscara de orelhas de morcego e sobrancelhas marcadas,

Com suas botas de malabarista circense,

Com suas luvas longas de dedos compridos,

Com o símbolo estilizado de morcego em seu peito de collant cinza,

Fazendo piruetas, cambalhotas e pseudo-golpes de telecatch!...

Antístrofe

Saindo de sua bat-caverna tecnológica,

Com supercomputadores de cartão perfurado,

Atendendo ao chamado do seu bat-fone-linha-direta-com-a-polícia,

Em seu bat-móvel rabo de peixe com micro-turbina de jato,

Vai enfrentar seus opositores picarescos:

Coringa, Pinguim, Xarada, Rei Tuth, Mil Faces, Cabeça de Ovo, Mulher Gato...

Em luta desigual de participantes, entre miríades de socos e pontapés!

Seu sobrinho-camarada Robin evocando santas sincréticas

Santa-caverna, Santa-ajuda, Santa-inspiração, Santa-ilusão...

E fugindo do encontro com garotas, porque o amor não quer brigas...

A dupla dinâmica escapa das mais versáteis armadilhas fatais,

E ressurgem lépidos quando tudo parecia sem solução,

Colocando a lei e a ordem na cidade,

E a ordem define o progresso, e o amor fraterno define a ordem!

O Milionário Bruce Wayne, tão distraído e tão calmo,

Mecenas de artistas, filantropo do progresso...

Dick Grayson com seu jeito de mocinho estudante e sem asa noturna...

E Tia Harriet com seu chá para a liga das senhoras caridosas,

Alfred, o mordomo que sabe de tudo e nada conta,

Comissário Gordon em conversas minimalistas com o Chefe O’Hara...

E de repente surge Bat-girl riscando o asfalto em linhas delgadas com sua moto...

Epodo

Adam West, meu caro, não houve Batman igual a você!

Se foi um ator ruim, dizem os críticos – foste o Batman mais arquetípico que já existiu!

Um herói fora de forma, visível na roupa colada, na face pasmada...

Mas o que é o Batman?

É esse cavaleiro das trevas, sem humor, cujo tédio domina suas palavras?

Não, Batman é camp! Batman é art-pop! Batman é neobarroco! Batman é Metamoderno!

Ele não pode ser pós-moderno, nem tampouco gótico...

O pós-moderno se quer a sério e teoriza o reciclado,

O gótico se quer místico e alquímico,

Batman é Adâmico, pois retorna o mito às origens dum tempo suspenso!

Batman é o ocidente, o morcego ao poente, portanto, Batman é West...

Comédia para os adultos, aventuresco para as crianças!

É um morcego insetívoro e frugífero,

Como são 99% das espécies de microchiropteras!

Adam West viveu Batman em 120 episódios!

Batman viveu em Adam West por meio século dos seus 88 anos!

Não podia ser Lyle Waggoner, só podia ser Batman o Capitão Q!

Não podia ser Lewis Wilson, nem Robert Lowery, nada de lew or low!

Michael Keaton? Um papagaio da montanha com uma cauda oliva?

Val Kilmer? Longe quilômetros! George Clooney? Só um clone!

Bale? Fardo que bale! Ben? Para lutar pelo bem sem matar ninguém, só Adam West!