Como se flores no campo


Com beijos dolentes, sentidos, profundos, ardentes,
Marquei todo seu corpo, tatuando em tom carmim
O ímpeto desse amor infinito, represado por anos...
E entre gemidos não mais reprimidos, quentes,
Vi a flor preservada por tanto tempo só para mim
Exalar seu suave perfume, tornando-nos insanos.

Insanos, vagamos absortos pelos confins do universo,
Aspirando e sugando sabores, néctares e olores,
Nesse intercâmbio de caules, pistilos e floemas...
Desnudos, cantei-a em centenas de odes e versos,
Nesse dueto em que a coroei com tiaras de flores
E sagrei como eterna musa, tornada perene poema.

Poema que hoje fenece, por não mais ter sentido
Vagar por campos inóspitos, desprovidos de cores
Ou de flores, do tudo que foi, nada mais restou...
Restou somente a lembrança de um tempo vivido,
No aguardo de novas primaveras em que amores
Brotem como flores no campo onde você me amou.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 05/07/2017
Reeditado em 12/01/2020
Código do texto: T6046748
Classificação de conteúdo: seguro