crônicas marginais

gostaríamos de tecer lindos

contos e poesias mornas

sobre os atos de fé do bom

homem, se houver algum

ainda que o mereça de

consciência limpa e cabeça

erguida. eu não. ao contrário

de lindos, são terríveis

os causos da minha terra,

todo dia um morre e outro

sobrevive, porque demanda

sobrevivência atravessar

os tiros anônimos disparados

na calada da noite e até de

um punhado de coragem para

disfarçar as tardes em que

dançamos a ciranda indigesta

das transações corruptas

dos animais políticos,

seguros em sua ganância.

meu deus como é difícil

desviar da bala, dos cercos,

dos inúmeros cacos maliciosos

de lâmpadas que voam sem brilho

de encontro ao amigo-irmão tão

irreparávelmente só. como nós

que resistimos na luta e na lida

pelo pão nosso de todo dia

e pela flor amarela que sobrevém

a toda gente é nascerá sob o asfalto,

entre os carros, mas hoje ainda só

nos resta o lamento. de novo.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 21/08/2017
Reeditado em 22/08/2017
Código do texto: T6091030
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