Poema 0150 - Desnudo-me

Já sem vestes, sem caminho...

me desnudo,

de um coração que já não é meu,

dos sonhos que jamais sonhei,

das rezas que aprendi um dia,

da solidão que me deixastes,

das heranças de fome que passei,

sim, fomes,

de paixão,

de beijos,

de amor,

fome de vida,

da minha vida que foi contigo.

Desnudo-me da alma,

aquela que tinha no peito,

dos sorrisos que dela vinham até à boca,

desnudo de mais, muito mais,

das madrugadas que corri pra tua cama,

das estrelas que te dei,

das luas,

de minguante a nova,

tudo era teu, até eu.

Desnudo-me da vida,

rasguei todos os rascunhos,

as fotos,

fechei as janelas d'alma,

os olhos secaram quando tu fostes,

não tu, teu corpo,

quando deixastes o amor acabar,

não te quero palavras,

te quero carne,

espírito e alma,

só assim talvez volte pra mim,

pra dentro do meu peito desnudo de paixão...

se um dia voltares,

que sejas amor,

que sejas minha,

igual sou eu, todo amor teu.

27/01/2005

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 08/03/2005
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