Variantes


Minha vida, que transcorria como se um manso lago azul
Sem ondas e sem espumas, vezes coberto pelas brumas
Matinais onde vagávamos dolentes, lado a lado, de repente
Se cobriu de vagas, açoitando-nos com esse vento sul
Que obrigou que nos separássemos, vendo cada uma
De nossas ilusões enveredar por caminhos diferentes...

Os sonhos que eram unos e compartilhados entre os dois,
Cultuados entre as dobras dos lençóis de nosso leito,
Amarfanhados pelo incessante movimento das tantas vagas
Foram sendo relegados ao esquecimento, deixados para depois,
Já nem mesmo mais repousavas tua fronte em meu peito
em momentos de enlevo enquanto partias para outras plagas.

E partiste, deixando-me só frente a mais uma encruzilhada,
Como tantas outras com que me defrontara antes em vida,
Em dúvida quanto a persistir e seguir adiante caminhando...
Triste viver quando não mais se tem ao lado a mulher amada,
E nem mesmo resta a certeza de reencontrar a mão amiga
Que colha as lágrimas vertidas em momentos de desencanto.

Contudo, a vida é sábia em seus tortuosos descaminhos
E nos comprova a todo momento que o sol voltará a brilhar
Após o lapso de intensas tempestades e toldado por sombras,
Pássaros voltarão a trinar e renascerão as flores pelos caminhos
E por seus desígnios, quem sabe, talvez até voltemos a amar,
Caminhando enlevados, abraçados por entre as alfombras...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 06/11/2017
Reeditado em 11/04/2018
Código do texto: T6164283
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