FUTURO AUSENTE...

Da terra, este grão no infinito

Levantam-se olhares diferentes,

Invioláveis olhos confidentes...

Guardando lá no céu o que não dito...

Nas páginas celestes são escritos

Silêncios com as tintas dos poentes

Do violeta aos tons incandescentes

Da maldição às preces dos benditos...

Mas do olhar de astúcia numa fera

Não se imagina a flor na primavera

Nem mesmo que o perfume ali exista...

E no olhar do homem que avança

Mal traça uma íris da criança

Pra que o passado ache uma pista...

Caminha o mundo, triste, sem esperança...

Mas longe, muito longe, como a foz

Está da fonte, que nascida pura

Inconsciente sai da vida escura...

Nascente recebendo a luz procura

Ainda cega num silêncio, após

Tornar-se córrego, a própria voz...

Assim suavemente vai vertente

Criando suas margens alargadas

Levando sonhos pelas madrugadas

Por onde se descansa a voz da mente...

Os dias passam sob o sol candente

Já, rios largos, vidas navegadas

Buscando a foz no tempo são levadas

Na correnteza pelo sol nascente...

Mas na manhã, futuro vem ausente...

Autor: André Luiz Pinheiro

07/12/2017