Na hora de minha sorte

Todas as faces da morte

se mostram cheias de medo;

até mesmo a que vem cedo

pela desdita da sorte!

Todas as faces da morte

se mostram negras, vazias;

até mesmo as não tão frias;

até mesmo aquelas poucas

que se mostraram ferozes

atrás de tantos algozes,

em desvario, mais loucas...

As faces de minha morte

que já conheço de agora

são máscaras de minha sorte,

de não tardar a “tal hora”,

de não rever mais o porte

garboso daquela aurora

que surgirá no “tal dia”...

Mas eu, na máscara fria

não verei mais o sorriso,

o renascer indeciso

das ilusões do futuro;

e tudo mais quanto é puro

precisarei recordar

pelos caminhos escuros

por onde devo passar...

Às portas de minha “sorte”,

na hora de minha morte

tu me virás encontrar!

Mas, quanto mais for vivendo

à espera de nova sorte,

eu visto a mascara da morte

e por cem anos morrendo,

esperar, na esfera fria,

que alguma casca vazia

me venha novo acolher.

Esperar, na espera fria

um renascer (qualquer tempo)

ao percorrer o relento

da nova “constelação”!

E vivo assim da ilusão

que às portas de minha “sorte”

eu perco o medo da morte

e perco o medo de amar!

Mas não há céu que conforte

se não me vens encontrar...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 23/10/2005
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