Na hora de minha sorte
Todas as faces da morte
se mostram cheias de medo;
até mesmo a que vem cedo
pela desdita da sorte!
Todas as faces da morte
se mostram negras, vazias;
até mesmo as não tão frias;
até mesmo aquelas poucas
que se mostraram ferozes
atrás de tantos algozes,
em desvario, mais loucas...
As faces de minha morte
que já conheço de agora
são máscaras de minha sorte,
de não tardar a “tal hora”,
de não rever mais o porte
garboso daquela aurora
que surgirá no “tal dia”...
Mas eu, na máscara fria
não verei mais o sorriso,
o renascer indeciso
das ilusões do futuro;
e tudo mais quanto é puro
precisarei recordar
pelos caminhos escuros
por onde devo passar...
Às portas de minha “sorte”,
na hora de minha morte
tu me virás encontrar!
Mas, quanto mais for vivendo
à espera de nova sorte,
eu visto a mascara da morte
e por cem anos morrendo,
esperar, na esfera fria,
que alguma casca vazia
me venha novo acolher.
Esperar, na espera fria
um renascer (qualquer tempo)
ao percorrer o relento
da nova “constelação”!
E vivo assim da ilusão
que às portas de minha “sorte”
eu perco o medo da morte
e perco o medo de amar!
Mas não há céu que conforte
se não me vens encontrar...