“Black-tie”

Fim de festa!

E o que resta da ilusão?

Nada mais que o silêncio

de um salão vazio,

sujo e frio

com restos daquilo que foi esplendor!

Ao porteiro, a gorjeta;

ao penetra, a sarjeta;

e ao bêbado, um banheiro

pra lavar-se do enjôo

e tirar a sujeira

que grudou na gravata

e no smoking alugado

na loja da esquina...

Outra festa acabou!

Já não há mais os risos,

e os flertes, cochichos,

e os negócios escusos...

Já não há mais ninguém;

e a toalha manchada;

e os cinzeiros, repletos;

e os copos, vazios;

e outros cacos no chão...

Fim de festa, outra festa;

fim de festa outra vez...

E seus restos, cansados;

uns casais, uns sozinhos,

uns normais e sem pares,

e casais, mas trocados,

prolongando a festinha

num discreto motel.

Noite adentro, outra festa

vai mostrando o que resta

de uma elite burguesa

que não vive, apresenta;

que não é, aparenta;

que não sabe, e inventa;

não parece, e é nojenta

pois não sabe “viver”...

Outra festa...

É o que resta

desta tal “sociedade”

cujo mal é ser feita

do “estrume”

que ela própria rejeita!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 23/10/2005
Código do texto: T62546