O assassinato, assinado: o assassino.

Esse menino, tão bom, tão certo,

Agora é um assassino.

Por que matou, por que perseverou nessa sina?

Por que quem glorificava a vida

Se fez mensageiro da morte?

Seria por puro acaso,

Ou por mera sorte?

Ou por que, escondido no seu âmago,

Este era o único norte?

Por que matou, por que insistiu nesse descaminho?

Esse era o final objetivo,

Ou apenas seu desvario?

Matou por que quis , ou por que desejava,

Ou matou por que nada mais lhe apetecia?

Matou por que, matando, tornou-se senhor do Destino,

Da Vida e da Morte?

Matou por que, matando, tornou-se Senhor da própria Sorte?

O menino, tão frágil,

Tornou-se senhor do seu próprio destino,

Escreveu, nessas tortas linhas,

O reto caminho para o desfecho final,

Menos mal,

"Sou agora tão poderoso quanto o Deus gozoso,

Que tudo decide, que tudo faz,

E desfaz!"

Tão bom, tão certo,

Esse pequenino,

Que, num átimo, num desatino,

Se fez assassino,

E nada mais.