Rio de Contas

Parecia inesgotável

a riqueza tirada de suas águas.

Bateias, pepitas douradas,

areia, trabalho e cobiça.

Gotas de suor, gotas de dor.

Contas a prestar ao Rei.

Contas coloridas, gotas doloridas.

Lágrimas de amor, espasmos e calor.

Parecia inesgotável

a riqueza levada para Portugal.

Por bem ou por mal.

Ouro, água e esperança.

Contas a prestar, contas a levar.

Contas a contar ao Rei.

Gotas douradas, gotas doloridas.

Lágrimas, sal e saudade.

Parecia, mas não era inesgotável.

Riqueza levada, riqueza acabada.

Pelo bom, pelo mau.

Rio, água, pepitas.

Ouro, lágrimas, contas.

Sal, sol, saudade.

Hoje, Rio de Contas

- terra dos meus ancestrais -

planta flores, respeita a natureza

e colhe muita amizade.

(Para Elzeário Santos Viana, meu pai, baiano de Rio de Contas)

Rogério Viana
Enviado por Rogério Viana em 10/03/2005
Reeditado em 10/03/2005
Código do texto: T6279