Voando
Eu sob o dedo em riste do destino
quis decolar daqui sem muito alarde;
A tarde triste e o medo de voar
me mantiveram preso ainda ao chão...
Quis decolar, mas já não sou menino
e tanto peso em dor não alijado
faz-me ancorado ao solo em que rastejo;
mas, se não vôo, ao menos quero andar...
Quanto mais sonho o céu mais sinto a terra
sob meus pés abrir sua garganta;
de que adianta arder todo em desejo
se permaneço ainda sem voar...
Mas se eu chegar enfim ao precipício
quem sabe eu pense um pouco e me decida
se vale a vida voar para que acabe
ou se voltar não vale o sacrifício...