Voando

Eu sob o dedo em riste do destino

quis decolar daqui sem muito alarde;

A tarde triste e o medo de voar

me mantiveram preso ainda ao chão...

Quis decolar, mas já não sou menino

e tanto peso em dor não alijado

faz-me ancorado ao solo em que rastejo;

mas, se não vôo, ao menos quero andar...

Quanto mais sonho o céu mais sinto a terra

sob meus pés abrir sua garganta;

de que adianta arder todo em desejo

se permaneço ainda sem voar...

Mas se eu chegar enfim ao precipício

quem sabe eu pense um pouco e me decida

se vale a vida voar para que acabe

ou se voltar não vale o sacrifício...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 24/10/2005
Código do texto: T62835