Choramos por Marielle.

O coração se quedou paralisado

O pensamento atroz em formigamento

O cianeto engolido, amargo

Mais uma mulher negra assassinada!

A porta d'alma vilipendiada

Os sentidos não quiseram crer

A razão foi amordaçada

Lágrimas incontidas, ácidas, geladas

Rolaram no breu do meu pensamento.

Chorei em silencio, anestesiada.

4 tiros na cabeça!

Foi crime politico! Terrorismo na cara de pau!

A carne negra, sempre a mais barata.

A favela tem que seguir sufocada.

O ceifador da coragem desembuça

Polícia é milícia, máquina mortífera

Coragem é resistência ao medo

E o medo deve ser colhido

Do nosso jardim espiritual.

No dia seguinte "espectros de togas"

Esmolam por infâme moradia

A lógica inverteu sua simbologia

Marielle mulher, vereadora, mãe, ativista e negra

Diligente em seus deveres politicos

Sua voz ficará acesa

No círio dos nossos destinos

Choramos também por Anderson

Com nosso senso encolhido

A lógica perdeu a sua forma

O canto converte-se em grito!

E agora digo e repito

Este pranto converterá em luta

Nosso luto será a consciência

O Brasil está desumano e obtuso.

Esteremos alerta sob o proprio discernimento

Choramos por Marielle e Anderson

Brasileiros e trabalhadores

Nunca em vão, não será em vão guerreiros.

Sim, seguiremos lutando

Mareille Franco sempre presente!