PRAÇA DA SÉ

Próxima estação: Sé...

Desembarque pela esquerda...

Na esquina da Rua Direita

Repentina, uma suspeita:

Desci na estação errada?

Viro-me pé ante pé

Vejo a imagem desbotada

Da imensa catedral da fé

Bate sensação de dor

Uma tristeza sem par

No lugar de cheiro de flor

Perfume de miséria no ar

Sem perna estende a mão

Suplica qualquer esmola

Rastejantes pelo chão

Pivetes dividem cola

Apertado o coração

Num instante me desespero

Retratos de solidão

Multiplicam-se no marco zero

Com a chegada do metrô

Partiu antiga cena

Os escritórios de dotô

Teatro Santa Helena

Segundos de implosão

Sumiu o Mendes Caldeira

No labirinto de confusão

Vanzolini perdeu a carteira

Furtado na praça Clóvis

Havia entre elas separação

Faço a prova dos noves

Tomo rápida decisão

Desvio dos passantes

Peço licença, por favor

Fujo às escadas rolantes

Entro no trem salvador

Próxima estação:

Anhangabaú... São Bento...

Pedro Segundo... Liberdade...

Nem presto atenção

No sentido: Tanto faz...

Dentro do túnel o sentimento:

A velha Sé ficou pra trás

Apenas uma saudade!

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 07/04/2018
Reeditado em 06/05/2018
Código do texto: T6302105
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