DASDORES

Dasdores todo tempo à janela...

seu distante olhar...

olhar atento... sentinela

a esperar ninguém...

Dasdores falava por falar...

a acenar ao vento,

vendo, talvez, um bem...

Corria no boca a boca

que Dasdores ficara louca...

Louca de tanto amar...

Dasdores amara sem segredos...

Fogo de amar demais...

Chama acesa

do sol de meio-dia

a aquecer madrugada fria...

Dasdores amara também em segredo...

Coração sem dono...

Sem descanso...

Às ilusões de eterno amor prometido,

Dasdores teve sonhos ternos e puros...

Dasdores amou no meio da praça...

Carinhosa...

Inteira...

Cheia de graça!

Sem segredos

Às fugazes paixões sem sentido,

nem futuro,

Dasdores amou atrás dos muros...

Impetuosa...

Fogosa...

Sorrateira...

Vadia!

Dividindo fatia

em segredo...

Com o tempo...

Pedissem...

Dasdores surgia...

Afagar tristeza?

Momentos de alegria?

Dasdores sorria à solta...

Dasdores vinha na onda revolta,

na vazante da maré...

Atendia fetiche...

Dasdores sabia tantos...

Vixe!

Os segredos de falsos santos

fariam corar os sem fé!

Depois...

Na solidão do abandono,

Dasdores juntava seus medos

Dasdores pedia perdão,

Dasdores prometia oração, penitência...

Dasdores passava o tempo à janela

O tempo não tem paciência!

Passou!

Dasdores morreu durante o sono...

Levou incontáveis segredos...

Sensação de alívio enfim...

Morreu Dasdores, a louca

doente de tanto amar...

Amores de Dasdores

dormiriam em paz...

Em cada boca uma versão...

Um palpite indeciso...

Pelo sim, pelo não,

Dasdores

tinha uma dor no coração...

De preciso:

As dores de Dasdores

Não mais olharam à janela...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 16/04/2018
Reeditado em 17/04/2018
Código do texto: T6310374
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.