Fria
Silenciosa
Donde escorrem minutos
E depois horas

Longas e tenebrosas

Lágrimas mornas
De olhos profundos
De um cansaço de mil mundos
Infinitos mundos de saudade
Por onde caminhamos
Ora juntos, ora separados

E essa ausência que é dor
Essa ausência que é bálsamo 
Essa ausência insistente
Que a princípio era um ponto
Mas que se torna um traço 
Longo
Longo
 
E silencioso

Dramático

Incógnito

E amargo

É amargor a ausência
Como fel rompido nas entranhas
E não digerido
Não aceito pelo corpo
Habituado ao doce sabor da presença

Assim ela é
A ausência
Feminina caprichosa e cruel
Má por sua própria natureza

E é silêncio
O som
Da ausência