Palavras ao vento


Ah, esses tantos pensamentos e sentimentos
materializados em palavras sufocadas na garganta,
presas, expressando dores, surpresas, espanto ou alegrias,
depois libertas em forma de canto ou de poesias,
soltas ao vento, ao léu, como se balões coloridos
pelo bruxulear das lágrimas que os conduzem ao céu,
em tua direção, quedando-se por alguns momentos
a tua procura, depois rumando para o infinito...

Onde estás, onde te escondes, formosa criança
que repletou minha existência por dez anos e se esvaiu,
deixando-me só neste mundo que me sufoca, me angustia,
me oprime, que não é o que sonhei, que eu quero?
Vinte outros anos transcorreram nessa infinda procura,
chegando, até mesmo, a se me apresentar como loucura
essa busca incessante, talvez uma esperança
de que logo te encontre de novo, brincando com o Zero...

Tua imagem se esvai no ar como os poemas que faço,
ou até mesmo como meu mudo e silente canto,
sem mesmo permitir que me acolha em teu regaço
ou que seques as lágrimas vertidas em meu pranto,
persistindo a sorrir tua felicidade como sempre fazias,
palavras levadas pelo vento como se meros balões
que ora se entrelaçam como fazem nossos corações,
ao te exalçar em mais uma dolente e sofrida poesia...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 25/04/2018
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