Não amei o amor que todos dizem amar

Amei, com limite, com diretrizes e um tanto de "ar contemporâneo"

O coração fingiu acelerar, o frio na barriga, virou dor de barriga

O brilho no olhar, opaco, sem vida, se perdeu na multidão de falsos

Andei com o andar da carruagem, fui levado pela maré dos amantes aficionados

Da mentira, fui adotado, passei a comer no mesmo prato

Avistei um povo sem graça, gente sem beleza, ensossa

O dissabor, só de olhar me deu ânsia, enjoei em ver aquilo tudo...

Amei, como um inteiro idiota, fui apenas mais um mentiroso

Caminhei, pelas inverdades, no trajeto cuspi no que ainda sobressaia, a pequena e genuína verdade foi escarrada

Fitei atitudes maquinais, gestos engessados em interesses, pessoas doentes e escassas em suas vidinhas

sabe, não sei o que é mais amar, me tornei um robô, todos tornaram-se

Uma vida falha, cheia de migalhas, nos perdemos em nossas confortáveis mentiras

Dejeto, fragmentos, qualquer resto e imundice alojou-se em nossos devaneios...

Não amei o amor que todos dizem amar, fui apenas engolido...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 26/04/2018
Código do texto: T6319223
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